Abraçar oportunidades de desenvolvimento pessoal
por Isabel Eusébio
A noção tradicional de orientação vocacional, enquanto intervenção limitada ao contexto educativo e a uma pequena faixa etária, foi dando progressivamente lugar a uma perspetiva cada vez mais ampla de apoio psicológico ao longo da vida, sob a forma de aconselhamento ou orientação de Carreira.
O conceito de Carreira, de per si, viabiliza um olhar mais abrangente e em continuidade, sobre o percurso vivencial do individuo como um todo, em que a sua experiência de ser pessoal e profissional, é concebida como o resultado de um processo ativo e permanente de construção da sua própria narrativa de vida .
É neste sentido que períodos de transição na carreira como a integração académica, o acesso ao mercado de trabalho, uma mudança de curso ou de emprego e até a preparação da reforma, ganham especial relevância. O desenvolvimento de carreira enquanto processo de auto-crescimento , envolve períodos sucessivos de assimilação e adaptação a novas realidades, podendo originar alterações subjetivas nos estados emocionais do sujeito e requerer estratégias de auto-regulação adequadas.
Por outro lado, a ocorrência de uma situação não normativa do ciclo de vida do sujeito ou da família - ameaça de doença grave, acidente, divorcio, despedimento, burnout, (etc.), pode tornar-se demasiado exigente face aos recursos pessoais e capacidade de resiliência do individuo e interferir no seu estado de saúde, nas suas competências relacionais, no seu potencial de desenvolvimento ou até obrigar a mudança de carreira.
Nesta perspetiva, a orientação vocacional e de carreira, o coaching psicológico e a psicoterapia, embora distintos na sua essência, são processos complementares e podem decorrer em ambiente inter-pessoal seguro, tendo em vista o bem estar e desenvolvimento pessoal do cliente, em todas as suas vertentes e contextos vivenciais.